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CARNAVAL

Fantasias de Carnaval

Rede Branca

Água de Coco


Já brinquei carnaval. Numa época que vai já distante e num tempo de ingenuidades.
Tínhamos um bloco carnavalesco, chamava-se “Os Kalifas”. Éramos quase crianças, nossa juventude despontava e a maturidade nos aguardava.
Naquele tempo não havia drogas, pelo menos eu nunca ouvia falar delas, e as músicas que nos faziam sonhar eram marchinhas e frevos tocados nas casas dos amigos e no clube, à noite.
Agora, o carnaval perdeu o sentido, pelo menos para mim. Essa festa virou uma dança diferente para gente bem diferente.
Desisti e isso não me constrange. Há anos que fujo do carnaval. Não vejo mais razão para ali estar: pulando, gritando e exposta a violentas brincadeiras.
As músicas, todas elas, me desagradam profundamente. Não tocam mais minha alma e nelas não vejo a mágica poesia dos tempos que já se foram.
Bebidas alcoólicas à larga, ressacas avassaladoras, drogas ilícitas por toda parte. Sexo sem respeito e sem pudores.
Publica-se todos os anos na mídia, que na capital da Bahia, no mês de novembro, acontece o maior número de crianças nascidas e abandonadas nos hospitais. Porquê?
Porque de fevereiro a novembro são justamente nove meses – o tempo de uma gestação. Mães adolescentes, quase crianças, quando não abortam, deixam seus filhos nos leitos hospitalares para que alguém as recolha a um abrigo ou as deixem abandonadas à própria sorte.
Os estrangeiros vêm visitar nosso país. Mas para conhecer nosso carnaval ou namorar nossas mulatas? Os aeroportos estão cheios. Nos hotéis não cabe mais tanta gente. As estradas estão superlotadas. Todos querem ir a algum lugar talvez para preencher o vazio de suas vidas.
Muitos encharcam seu fígado com álcool, outros se entorpecem com o ópio das drogas ilícitas e outros ainda, nem querem brincar carnaval, mas a TV mostra que é quase um pecado perder a festa da carne, então muitos seguem a fila sem saber porquê nem para quê tanto barulho se aquilo não vai dar em nada.
Para os que ficarão em casa nesse longo feriado, aconselho outros programas tão deliciosos quanto um suposto delicioso carnaval:
Uma  rede na varanda, um bom livro, uns bons filmes,
Um passeio pela internet, umas músicas para acalmar o espírito,
Uma visita a um amigo doente, um prato de leite a um animal faminto que perambula pelas ruas,
Um medicamento àquele que não tem como comprá-lo, um passeio pelas praças da cidade,
Uma visita a um parente que não vemos há anos – embora more em nosso bairro -, e outra visita  a um presídio, ler um bom livro para nosso filho,
Uma palavra amiga àquele que perdeu a esperança, uma ligação para aquela amiga que à tempos não lhe telefonamos,
Um bolo de laranja, feito com amor, para o amor da nossa vida...
Umas boas noites de sono. Um café da manhã na casa do nosso vizinho, estudar para um concurso, uma oração.  
Assim estaremos renovados para mais um ano que já começou, mas ainda não nos demos conta disso porque nosso país só funciona depois do carnaval – o que  lastimo tanto.
Não se entristeça porque não está tão eufórico quanto tanta gente nesta festa bem brasileira.
Perceba que se sua paz interior for genuína, verdadeira, tenho certeza de que muitos foliões dariam tudo para estar no seu lugar.
E lembre-se: rede branca e água de coco nunca fizeram mal a ninguém.
Muita paz!
Artigo escrito e postado por Mariângela Freitas em 17.02.2012, sexta-feira.

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