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O CONGRESSO



Alguém dirá que este texto foi escrito somente para professores e professoras. Eu, porém, afirmo que se você não é um deles, mas está aqui, lendo-o neste momento, é por alguma razão.

Estive essa semana, durante três dias, participando de um Congresso de Educação, na bela e simpática capital do Ceará. Ali estavam alguns dos melhores educadores, escritores e técnicos da área.

Realizado pela Empresa “FUTURO EVENTOS”, o Congresso trouxe até Fortaleza, palestrantes como: Luiz Schettini Filho (PE), Jader Souza (BA),Vasco Moretto (DF), Lúcia Fidalgo (RJ), Mário Sérgio Vasconcelos, Marcelo Sando e Celso Vasconcelos (SP), Gilberto Wiesel e Max Haetinger (RS), José Pacheco e Rui Trindade (Portugal) e o apaixonante EGÍDIO ROMANELLI  e Sandra Bozza (PR), entre outros. 

Os temas abordados iam das NTICs (Novas Tecnologias da Informação e Comunicação) à Neuropsicologia e à Administração Escolar, etc.

A plateia formada por pessoas dos mais diversos pontos desse país e das mais variadas profissões: professores, técnicos em educação, gestores escolares, secretários municipais de educação, administradores, empresários, donas de casa, mães e pais, aposentados, jovens, adultos, idosos, jornalistas, advogados, enfermeiros, bancários... Enfim, uma miscelânea de cheiros e cores.

Fiquei impressionada com o número volumoso de participantes. Do começo ao fim.  Nos três auditórios do hotel, lotados, e via-se no olho de cada um, o brilho dos que sonham e acreditam em sua profissão de educador.

Ninguém saiu para a beira-mar, ninguém deixava de vir depois do almoço porque fora tirar uma soneca. Ninguém queria perder um momento do valioso conteúdo e beleza ali expostos.

E eu em meio a tantos conhecimentos novos, estava garimpando outros saberes para meu fazer profissional. Fui buscar conhecer as novas teorias educacionais, algo especial, inovador que pudesse me fazer enxergar melhor o meu mundo; O Mundo de Mariângela.

E fiquei impressionada, feliz, motivada, provocada pelo entusiasmo e pela cultura de todos os palestrantes. Esses acreditam que é a Educação que salvará o mundo de todas as suas misérias.

A vontade que me deu, foi de trazer todos eles para nosso sertão; para nossas pequenas cidades do interior. Trazer todos aqueles estudiosos de primeira linha: aqueles educadores e professores, palestrantes e técnicos em educação que preocupados com o futuro das novas gerações; com o futuro das nossas crianças e dos nossos jovens vieram de tão longe para nos trazer o que há de mais novo na Pedagogia.

E o que é que há de mais novo na Pedagogia? Novos lápis? Canetas luminosas e mais coloridas? O que há de tão interessante que chamou a atenção de tanta gente?

Ah! Querem saber?
Nada além do amor.
- O amor?
- Sim, o amor.

O amor, unido à pesquisa e ao conhecimento científico, que cuida, que protege, que educa, que faz a construção de um homem e uma mulher melhores, mais sociáveis e cheios de compaixão.

Esse amor deve estar nas relações educativas: família, escola e sociedade.

Não nos falaram, nesse Congresso, de medicamentos que possam tornar os meninos e as meninas mais educados, mais inteligentes. Não nos disseram que já existem brinquedos ou jogos eletrônicos que possam entreter os jovens e torná-los inacessíveis às drogas, à violência e à prostituição. Nada disso nos afirmaram nesse encontro tão especial.

Os congressistas nos afirmaram, categoricamente, que uma criança só desenvolve bem seu intelecto e suas emoções se em seu ambiente familiar e escolar se existir amor.

O neuropsicólogo paranaense, Egídio Romanelli, nos contou uma extraordinária história que aconteceu em seu consultório:

Um italiano casou-se com uma japonesa, aqui no Brasil. E preocupados com o futuro da criança foram ao Dr. Romanelli saber quando se começa a educar um bebê. O eminente professor lhes disse: “Comecem ensinando línguas.” E o casal passou a seguir o estranho conselho. O bebê ainda estava na barriga da mãe e eles “conversavam” com a criança.

O pai lhe dizia: “Filho ou filha, quando você chegar será recebido com muito carinho”.
E a mãe lhe falava a mesma coisa e algo mais. Diziam palavras amorosas e de esperança; de conforto e tranquilidade. Com uma observação: a mãe falava com o pequeno ser em seu ventre, em japonês e o pai, em italiano. Isso durante os nove meses de gestação.

Final feliz: nasceu para esse casal, uma menina que ao completar três anos de idade, falava três línguas: japonês, italiano e português.

Extraordinário! Repito. Extraordinário! Impressionante!

Professor, professora, papai, mamãe, titio, avô, avó, enfermeiras, cuidadores, babás...


Senhora Presidente da República, senhores senadores, deputados, governadores, prefeitos, vereadores, senhores e senhoras secretários de educação,  não descuidem da infância e da juventude do nosso país.

Nós somos responsáveis pela harmonia em nossa comunidade; pelos seres humanos que deveremos formar.

Façamos nossa parte e trabalhemos para formar bons indivíduos. Esta é a culminância da Educação: formar cidadãos ativos, críticos e participativos.

Concluimos nosso artigo lembrando o filósofo chinês, Confúcio (551a.C. - 479 a.C.) que dizia: "Eduquemos os meninos e não será necessário machucar os homens."

Artigo escrito por Mariângela Freitas.
Em 29.01.2012 , domingo.



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Algumas fotos do Congresso

  


Mariângela no auditório

  
Celso Vasconcelos


Egídio Romanelli


Gilberto Wiesel


Sandra Bozza


Marcelo Sando


Vasco Moretto

 
Luiz Schettini Filho

 
Mário Sérgio Vasconcelos




 

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QUE FAZEMOS DO NOSSO TEMPO?


O TEMPO 

Poema de
Laurindo Rabelo
  

 
Deus pede estrita conta de meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?


Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi tempo e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.


Oh! vós que tendes tempo sem ter conta
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.


Mas, oh! Se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.



Biografia:

Laurindo Rabelo (L. José da Silva R.), médico, professor e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 8 de julho de 1826, e faleceu na mesma cidade, em 28 de setembro de 1864. É o patrono da Cadeira n. 26, por escolha do fundador Guimarães Passos.

Era filho do oficial de milícias Ricardo José da Silva Rabelo e de Luísa Maria da Conceição, ambos mestiços e gente humilde do povo carioca. Cresceu nas maiores privações, das quais só veio a se libertar nos últimos anos de sua vida. Pretendendo seguir a carreira eclesiástica, cursou as aulas do Seminário São José e recebeu as ordens, mas abandonou o seminário por intrigas de colegas. Fez estudos na Escola Militar, outra vez tentando em vão fazer carreira. Ingressou no curso de Medicina no Rio, concluindo-o na Bahia, em 1856, vindo porém defender tese na cidade natal.

 Em 1857, ingressou como oficial-médico no Corpo de Saúde do Exército, servindo no Rio Grande do Sul, até 1863. Neste ano voltou ao Rio, como professor de história, geografia e português no curso preparatório à Escola Militar. Em 1860, casara-se com D. Adelaide Luiza Cordeiro, e só a partir de então pôde livrar-se da pobreza que lhe marcou a existência. Atacado por uma afecção cardíaca, faleceu, aos 38 anos de idade.

Caracterizou-o, desde os anos de estudante, a maneira espontânea e desengonçada de viver. Por sua compleição física bizarra, a imaginação popular deu-lhe o apelido de "o poeta lagartixa". Viveu na boêmia, e aquele ambiente o estimulava literariamente.

Como poeta satírico, era justamente temido e respeitado; teve amigos e, também, inimigos acérrimos, por causa dessa feição do seu talento, chegando a ser perseguido. Como repentista e improvisador, era popular e bem recebido em todos os salões. Fechavam os olhos à sua indumentária desleixada, só para ouvir o poeta e ver as cintilações daquele espírito. Em muitas das suas composições vibra também a nota de melancolia. Foi cognominado "o Bocage brasileiro". Pertencia ao período romântico.

Postado por Mariângela Freitas, em 26.01.2012




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NÃO RECEBI...

     
NÃO RECEBI NADA DO QUE PEDI


Pedi a Deus para ser forte a fim de executar projetos grandiosos,
e ele me fez fraco para conservar-me humilde.

Pedi a Deus que me desse saúde para realizar grandes empreendimentos

e Ele deu-me a doença para compreendê-lo melhor.

Pedi a Deus riqueza para tudo possuir,

e Ele deixou-me pobre para não ser egoísta.

Pedi a Deus poder para que os homens precisassem de mim

e Ele deu-me humildade para que Dele precisasse.

Pedi a Deus tudo para gozar a vida

e Ele me deu a vida para gozar de tudo.

Senhor, não recebi nada do que pedi

mas deste-me tudo o que eu precisava
e, quase contra a minha vontade,
as preces que não fiz foram ouvidas.

Louvado sejas ó meu Deus!

Entre todos ao Homens ninguém tem mais do que eu!



(Oração de um atleta americano que, aos 24 anos, ficou paralítico e encontrou Deus no sofrimento)


Autor Desconhecido

Fonte:http://www.bilibio.com.br/mensagem/83/Nao+recebi+nada+do+que+pedi.html

 

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SOMOS ANIMAIS RACIONAIS???



CRIANÇAS OBSERVANDO UM ANIMAL MUTILADO POR MÃOS HUMANAS



AVE DE RAPINA OBSERVANDO UMACRIANÇA DEFINHANDO, COM FOME, NA ÁFRICA



FLOR DE LÓTUS


Um animal mutilado por mãos humanas (humanas?).
Uma criança que definha, com fome, nos confins da África Negra.
Uma flor sagrada, de lótus.

Hoje é domingo. Dia de praia, descanso e passeios, para muitos.
As TVs de quase todo o mundo estão ligadas.
Nos quintais, churrascos, músicas, bebidas alcoólicas, e coisa e tal.
Bares e restaurante lotados. Todos querem se refestelar.

Estou ouvindo a "Ave Maria" - de Shubert. Buscando nessa belíssima melodia, inspiração para o que desejo expor neste instante em que abro o meu computador e fico indignada com imagens tão chocantes.

Segundo o "Livro dos Espíritos" - de autoria de Espíritos de alta condição espiritual e organizado pelo pedagogo francês, Allan Kardec, "O mal só prospera na Terra porque os bons são tímidos".

E é essa timidez que nos faz calar diante de atrocidades como essas que estamos vendo nestas fotografias.

Por que, meu senhor ou minha senhora, por que você mutilou este pobre animal? Venha a público nos dizer o porquê de tamanha estupidez?

Animais foram colocadas na Terra para uma conviência pacífica e de cooperação conosco - nós que somos os ANIMAIS RACIONAIS. Animais que raciocinam. 

Quando a Psicologia vem nos explicar as razões que levam um ANIMAL RACIONAL (homem ou mulher)  a cometar tal atrocidade com um ANIMAL IRRACIONAL, ficamos estarrecidos. Muitas vezes, essa Ciência nos faz conhecer a mente desses seres brutalizados. Às vezes, são psicopatas.

Colocamos um burro, um jumento... para puxar nossas pesadas carroças. Com peso, muitas vezes, acima de suas forças e os chicoteamos para que se apressem pois precisamos ganhar dinheiro às custas desse escravo que tratamos como máquina que não pode parar.

Ao chegarmos em casa, o "escravo mudo" fica ao sol, com fome e sede, esperando nossas migalhas ou que nos lembremos de levá-los à sombra amiga de uma árvore ou de um curral. Ali ele fica e espera pelo dia seguinte: chibatadas, chicotadas, maus-tratos, estupidez e arrogância humanas.

Na imagem seguinte, uma criança definha com fome e sede na África Negra; nos confins de um universo esquecido pelos poderosos do mundo.

Acordos são feitos por Nações poderosas. Apertam-se as mãos. Promessas são feitas e assinadas em papéis que serão arquivados: "Teremos menos fome no mundo". Dizem eles. "Teremos mais saúde, mais vida com qualidade e educação".

No entanto, quantas crianças nos mais distantes rincões deste Planeta, choram à falta de uma xícara de leite morno para aquecer seus estômagos vazios?

O carnaval vai chegar. Ah, precisamos preparar nossas fantasias. Este ano iremos vestidos de quê? De odalisca? De rei ou de rainha? Dançaremos ao som do frevo ou do axé? Acho que é melhor irmos de avião até o Rio... lá é muito mais luxuoso; suntuoso até.

Na terceira imagem, visualisamos a bela Flor de Lótus - flor sagrada dos hindus e reverenciada por vários povos. 

Nem tudo está perdido. Penso eu.

Alguém mutila um indefeso animal.
O mundo capitalista esquece os seus famintos.

Todavia, Deus, nos oferece uma flor sagrada de rara formosura, para que nos lembremos de que tudo veio de Suas Mãos Sacratíssimas:
Os animais,
Os meninos, 
E as flores...

*Escrito e postado por Mariângela Freitas, em 22 de janeiro de 2012 - domingo.

  


  

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O PESO QUE A GENTE LEVA

O perigo da viagem mora nas malas. Elas podem nos impedir de apreciar a beleza que nos espera. Experimento na carne a verdade das palavras, mas não aprendo. Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades. É por isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.
   
Ando pensando sobre as malas que levamos...

Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças. Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o que há dentro das estruturas etiquetadas. Tudo o que ele leva está diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas; de frio, de calor – o clima pode mudar a qualquer momento! – remédios, segredos, livros, chinelos, guarda chuva – e se chover? –, cremes, sabonetes, ferro elétrico – isso mesmo! – Microondas? – Comunique-me, por favor, se alguém já ousou levar.

O fato é que elas representam nossas inseguranças. Digo por mim. Sempre que saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo. Tenho medo do que vou enfrentar. Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações.

Nós nos justificamos. Posso precisar disso, posso precisar daquilo...

Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?

As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?

Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.

É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.

E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.

É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.

Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...

Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.

Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.

Padre Fábio de Melo

Fonte  da pesquisa: http://padrefabiodemeloanjodeluz.blogspot.com/2009/06/o-peso-que-gente-leva.html

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GAIOLAS VAZIAS

DEIXA-ME VOAR...

 Gaviões-carcará sobre árvores, nos caminhos que nos levam à Umarizal-RN

Deixa-me voar...
Nasci para voar. Por que me trancafias nesta gaiola fria? Por acaso tu queres me condenar à solidão e ao desencanto somente porque aprecias o meu canto? 

Olho para o céu e sonho com as verdejantes montanhas. Penso nas flores silvestres: como devem estar lindas depois das primeiras chuvas após este intenso verão!

Penso em meus irmãos. Pássaros livres e felizes que passam por aqui, me cumprimentam eu lhes respondo:

-Bom dia, acauã, asa branca, azulão!
-Boa tarde, carcará, curripião, garça branca, galo de campina, papagaio, rolinha-caldo-de-feijão, soldadinho-do-araripe!
-Boa noite, dona coruja!

E assim passam todos. Passam todos por mim e eu espero, espero por minha liberdade.

Onde estará o meu advogado? Onde encontrar o juiz que me conte os males que fiz? Os desatinos que cometi?

Preso porque canto? Porque sou belo e feliz? Condenado porque o homem nasce sem asas e quer roubar as minhas penas?

Ergo os meus olhos aos céus e faço uma oração ao meu Criador: "Tira-me daqui, Senhor! E em meu lugar coloca um bilhete aos caçadores cruéis, dizendo-lhes: Gostarias por acaso de viveres acocorado nesta fétida gaiola a comer e a beber os restos de um pasto sem sabor?"

Quebrem-se as gaiolas do mundo inteiro!
Quero o bem maior, o bem verdadeiro:
Voar pelo mundo como se fosse num cruzeiro...

Esse meu canto, que acabei de escrever, é para que possamos refletir sobre nossas atitudes equivocadas perante as Leis da Natureza.

Um raio de luz, esperamos espargir para que acordemos de nosso sono milenar e possamos ver o sofrimento que estamos a infligir às AVES que foram criadas para singrar os céus; para voar e gozar da plena liberdade a que têm direito.

É inadiável esta questão. Um dia, mais cedo ou mais tarde, todos veremos o tremendo erro que cometemos, e aí talvez seja tarde demais para quebrarmos essas tristes gaiolas.

Escrito e Postado por Mariângela Freitas, numa tarde de sexta-feira, quando seu coração ficou triste.
20 de Janeiro de 2012


  

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ACONCHEGO



Serra do Martins-RN. Aqui nasci e aqui me criei. Ouvindo o canto dos pássaros, acordando nas manhãs frias de inverno para ver a névoa caindo sobre a copa das árvores, invadindo as ruas.

Aqui estou de volta à minha terra natal, deitada na grama macia do Hotel Serrano, descansando no lombo de um belo animal esculpido pelo artista plástico martinense, Valter Leite.

Toda a magia de uma infância feliz ocorreu-me neste momento de descontração porque aqui, aonde hoje é este Hotel, era a doce residência de Maria Amável e de Dona Raimundinha Barreto, duas irmãs que criavam como seus filhos duas crianças: Cleide e Chico. Meus amigos de época já distante.

O poema a seguir está inserido no meu livro: Um Beija-Flor no Jardim e aqui o reproduzo para relembrar "meus tempos de criança".


INFÂNCIA


Meu bom tempo meninice,
Oh! Quanta saudade me traz!
Chorei tanto por tolices,
Ainda assim, queria mais.

Nas frias tardes da Serra
Eu, Cleide e Leonimar,
Ceição, João Maria e Chico,
Horas esquecidas a brincar.

De casinha, carrinho e peteca,
Futebol, balanços e alegria,
Fundamentamos a nossa infância
Nas brigas e na gritaria.

Havia também muitas bonecas,
Nós lhes dávamos guaraná,
Depois comadres e compadres,
Saíamos pra passear.

Oh!  Infância doce e distante
Que o vento pra longe levou.
Eu hoje pergunto ao espelho
- Por que o tempo passou ?

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Nas terras áridas do meu sertão potiguar...


Juazeiro fotografado no pé da Serra do Martins-RN



A beleza é para "quem tem olhos de ver".

Ao viajar pelas terras áridas do sertão nordestino, encontramos razão para acreditar que poetas e trovadores, músicos e compositores, enfim, almas sensíveis sempre verão o belo, mesmo em meio à aparente melancolia e sob um sol abrasador.


Na Sombra do Juazeiro

Elino Julião

Meu bem vem cá, venha ligeiro
Eu vou lhe esperar, na sombra do juazeiro.


Viver sem carinho eu juro que não dá
Achei um cantinho pra nós conversar,
O povo do lugar é tão fuxiqueiro
Eu vou lhe esperar na sombra do juazeiro.


Lá tem um banquinho pra nós se sentar
Nós fica sozinho ninguém vai olhar.
Pode sossegar que eu chego primeiro
Eu vou lhe esperar na sombra do juazeiro


Aqui fazemos nossa homenagem a Elino Julião.


*Eis um pedacinho de sua bela biografia:

Elino Julião (Timbaúba dos Batistas, 13 de novembro de 193620 de maio de 2006) foi um cantor de forró conhecido pela forte ligação à cultura regional do quente sertão do Seridó, no Rio Grande do Norte.

Filho de Sebastião Pequeno, tocador de cavaquinho e Concertina. Foi menino butador d'água junto ao seu estimadíssimo jumentinho "Moleque", no sítio Tôco, onde cantarolava batendo numa lata as modinhas que aprendia na festa de Sant`Ana em Caicó - RN.

Na casa grande da fazenda, onde se reuniam os moradores da redondeza, Elino Julião fazia a alegria da rapazeada. Costumava sair da fazenda descalço e a pé, rompendo 18 km de caatinga para bater a famosa " peladinha " em frente à Igreja de Sant`Ana na cidade de Caicó e articular-se, claro, para cantar na sede do Caicó Esporte Clube, no domingo à tarde. Cantar para Elino, já era êxtase.

Nos anos 1950, destemidamente o garoto de 14 anos "pegou morcego" no caminhão de Artur Dias e veio para Natal, se escondeu no bairro das Quintas e logo garantiu seu espaço para cantar no Programa Domingo Alegre da Rádio Poti, junto ao radialista Genar Wanderley e no animado Forró da Coréia, onde hoje é o o Estádio de futebol Machadão, forró esse que o inspirou a compor um dos seus grandes sucessos: "O forro da Coréia".

Menino esperto que trouxe no sangue as raízes do autêntico "forró pé de serra" do sertão nordestino, registrou e divulgou com originalidade e alegria a cultura e as tradições dos folguedos populares nordestinos por mais de de 4 décadas.

Fonte: http://letras.terra.com.br/elino-juliao/1743992/

Postado por Mariângela Freitas - Blog: O MUNDO DE MARIÂNGELA

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VIVENDO PACIFICAMENTE


"O Progresso"

Roberto Carlos

Eu queria poder afagar uma fera terrível
Eu queria poder transformar tanta coisa impossível
Eu queria dizer tanta coisa
Que pudesse fazer eu ficar bem comigo
Eu queria poder abraçar meu maior inimigo
Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares
Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares
E as baleias desaparecendo
Por falta de escrúpulos comercias
Eu queria ser civilizado como os animais

Eu queria ser civilizado como os animais
Eu queria não ver todo o verde da terra morrendo
E das águas dos rios os peixes desaparecendo
Eu queria gritar que esse tal de ouro negro
Não passa de um negro veneno
E sabemos que por tudo isso vivemos bem menos

Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo
O comércio das armas de guerra da morte vivendo
Eu queria falar de alegria
Ao invés de tristeza mas não sou capaz
Eu queria ser civilizado como os animais
Eu queria ser civilizado como os animais
Eu queria ser civilizado como os animais

Não sou contra o progresso
Mas apelo pro bom senso
Um erro não conserta o outro
Isso é o que eu penso

Eu não sou contra o progresso
Mas apelo pro bom senso
Um erro não conserta o outro
Isso é o que eu penso


Fonte:      http://letras.terra.com.br/roberto-carlos/424486/

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A NATUREZA AO ALCANCE DA MÃO


Toda a poesia no quintal dos primos: Manoel Florêncio, Maria dos Anjos e Alan. Na serra do Martins- RN, Bairro: Lagoa Nova


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A ROSA


Vejam : a rosa caiu, despetalou!
Em torno da roseira
Os pedacinhos macios forram o chão
Fazendo uma bela colcha de retalhos.
Mas eu não queria assim,sabe?!
Eu queria ter dado aquela rosa
Para meu bem.

* Poema de Mariângela Freitas - do seu livro: UM BEIJA- FLOR NO JARDIM. p.106
* Esta fotografia foi colhida nos jardins da cidade de Martins-RN

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PERMITA-ME SER

                 CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, LAGOA NOVA- MARTINS- RN

Debrucei-me à janela
Para ouvir o murmúrio do mar,
Tocaram sinos na capela
Convidando-me a meditar....

Queria ser o abraço fraterno,
A mão que afaga a fúria sombria,
O cesto de pão que sacia a fome,
O amor mais sincero para a vida vazia.

Queria ser a palavra mais certa,
A verdade que esmaga a mentira ardilosa,
O suor que escorre no rosto do justo,
O perdão que acalma a ação criminosa.

Queria ser a força da chuva
Que cai no deserto, no asfalto, no chão,
O olhar mais sereno, mais puro,amigo,
A amizade mais doce de irmão pra irmão.

Queria ser a humildade perene,
A certeza, a esperança, a alegria, a canção.
O sono doa sábios, a luz que clareia,
Oh, Senhor!  Permita-me tão sublime doação

* Poema de Mariângela Freitas e está inserido em seu Livro: UM BEIJA-FLOR NO JARDIM, p.103

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Uma Prosa Para Um Final de Domingo


Sabe, num final de domingo, depois de ter passado o dia ocupada, decidi escrever alguma coisa. Tolices, pra variar. E isso não vai para o meu blog, ali só falaremos de coisas sérias...

Eu vou ter que fazer outro blog, sabia? Com pseudônimo pra deixar essas coisas lá, pra todo mundo ler.

É assim:
Quando eu morrer, morrer mesmo. Nada de desencarnar, os não-espíritas nem sabem o que é isso. E quando eu chegar lá por cima, no firmamento azul celeste, São Pedro certamente estará ali, sério, sonolento e quem sabe, mal-humorado - os santos também se aborrecem, não é?

Pois sim, eu chegarei pela madrugada. Assim como cheguei aqui na Terra - eram três da manhã de uma segunda-feira, veja só que menina esperta. Chegou cedo pro trabalho.

Então... chegarei pela madrugada e pegarei São Pedro sonolento. Minha mala ali do lado e uma vontade louca de adentrar as portas do céu.
-Dá licença, senhor São Pedro? Posso entrar?
-Espere aí que vou ver sua ficha.
(Tremo da cabeça aos pés e digo: é hoje que pego o trem das onze!!!)
-Aqui tá escrito que você fez as coisas direitinho - errando ali, acertando acolá.
Eu pergunto:
-Na média final fiquei com quanto?
- 7,5 - diz ele.
-Ah, então abre o portão, meu filho, já tou dentro.

Entro no céu. Meu Deus!!! As macieiras. Era o que eu mais queria ver na vida: lindos pomares e perfumadas maçãs. (Eu nem gosto mais de maçã, mas adoro vê-las).

Ali vem um dos chefes. Pergunto por Jesus, ele me diz: tá cedo pra vê-Lo. Vamos analisar melhor seu boletim, São Pedro está meio distraído.

Então é chegada a hora. Eu falo: senhor Anjo do céu, me dê um mês de férias, sem cobranças, sem análise de boletins, sem nada. Ele então me concede umas boas férias.

Saio correndo e volto pra Terra. Eis que chego numa bela manhã de domingo. Vou realizar meu sonho:" brincar de assombração".


Entro na casa das minhas amigas, dos conhecidos e desconhecidos. Fico atrás de uma porta e faço: Psiiiiiiuuuuuuuu

Panelas voam, vassouras caem, gritos ecoam, correrias, sandálias se perdem. Chamem o padre, vamos benzer a casa.

E eu: eeeeeiiiiiiii!!!!!
Cavalos a galope, velhas desmaiando, meninos gritando, cabelos arrepiados...

E eu de novo: uuuuuuuhhhhhhhhhhh!!!

Vai ser muito engraçado. Vou me divertir demais.
Depois só me resta voltar pro céu e perguntar pro anjo se  brincadeiras assim fazem mal. E ele diz: mal nenhum, eu também já fiz minhas traquinagens.

Escrito por Mariângela Freitas - Uma prosa para um final de domingo.

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Doutor Ratinho


Doutor Ratinho
Fábula de autoria da Prof.ª Mariângela Fernandes de Freitas.
Umarizal - Rio Grande do Norte – Brasil
(Caso você queira reproduzi-la, por favor, mencione a autora – dê créditos a quem tem crédito).

Esta, evidentemente, é uma história de ficção. Porém foi elaborada a partir de um sonho que tive há algumas semanas. Acordei com ela já pronta em minha mente.
Segundo a Doutrina Espírita, um caso assim tem a seguinte explicação: “Quando dormimos, apenas nosso corpo descansa enquanto nosso espírito, que não precisa desse deleite,  se desprende do corpo e passa a interagir com outros espíritos no Mundo Maior, ou no Mundo Espiritual”.
Sendo assim, creio que nessa referida madrugada enquanto meu corpo descansava, meu espírito teve um encontro com alguém, possivelmente um Instrutor; um professor da Vida Maior, muito interessado em contar a história a seguir, aos amigos que vivem aqui, no plano material.

Ei-la:
Havia, numa dessas grandes cidades, um famoso e respeitado laboratório de estudos científicos. E muitos animais eram usados diariamente nessas pesquisas por professores, estudantes e cientistas.
Lá no canto da sala, um grande grupo de ratinhos, todos muito branquinhos, estavam assustados, inquietos, diria aterrorizados. Eles estavam esperando sua vez para servirem de cobaias às experiências do tal professor.
O professor trabalhava e agia com indiferença absoluta ao terror que se podia ver nos olhos de tantos animais: para ele um gato ou um cão podiam miar e uivar de dor, todavia aos seus ouvidos aquilo era perfeitamente normal.
Ele estava somente interessado em dar resultados a seus pares e à indústria que o contratou para aquela pesquisa. E dias e noites, ali estava o médico-professor que fazia gemer de dor a centenas; milhares de animais. Tudo em nome da ciência e da sua reputação como homem de ciência e de “suprema” sabedoria.
Em certa ocasião, retirou um coelho de sua quietude pegando-o pelas orelhas e depois de imobilizá-lo, colocou em seus olhos uma substância química para observar se aquele líquido poderia um dia ser usado em seres humanos. Foi uma dor atroz. O coelho indefeso contorcia-se, debatia-se em gemidos até que se encolheu num cantinho da gaiola e após um determinado tempo ficou completamente cego. O pobre coelho viu-se apagar a luz que o deixou para sempre na escuridão e na dor.
O cientista, em sua insensibilidade, pegou outro coelho, e outro e mais outro e foi testando a droga que parecia ser feita de ardentes lavas vulcânicas.
Os ratinhos assistiam a tudo e sabiam que seriam submetidos a experiências igualmente ou muito mais dolorosas em breve tempo.
Certa noite, dessas de chuva torrencial e fortes trovões, o professor sentindo-se exausto, sentou-se e adormeceu debruçado sobre uma mesa em seu laboratório.
E aconteceu o inesperado: Uma voz suave, porém firme, fez-se ouvir no meio dos ratos apavorados.
Era a voz de um ratinho esquisito, ele tinha uma enorme orelha nas costas. A orelha havia sido criada e implantada pelo professor, numa de suas ambiciosas pesquisas.
Acontece que essa orelha era especial e o professor não desconfiava disso. Com ela o ratinho ouvia e decifrava muito claramente a voz e os cochichos humanos; ouvia aulas na faculdade e escutava quando os alunos discutiam assuntos científicos ou liam em voz alta. Essa orelha, grande e estranha o fez aprender muitas coisas interessantes nessa universidade e naquele laboratório. E fez desse ratinho, um mestre, um doutor: Doutor Ratinho.
Doutor Ratinho, humildemente, pediu silêncio aos companheiros de infortúnio e quando todos perceberam que estavam diante de uma inteligência bem acima dos padrões, calaram-se para ouvi-lo.
Então ele assim falou: "Sou diferente de todos vocês, como bem podem observar. Tenho uma orelha em cima de minhas costas que me faz ridículo e triste por todos esses anos, todavia me fez também um ser com uma inteligência acima do normal.
Escuto, decifro e entendo a linguagem humana. E com isso aprendi seus saberes. Seus livros para mim não têm segredos. Entendo de química e física como nenhum mestre dessa faculdade; em matemática, não há doutor que tenha coragem de me confrontar; leio e faço poemas e sou um grande observador e estudioso do comportamento humano e animal. Aprecio música e tenho uma família feliz.
O que me diferencia de um homem? Sou um animal irracional, mas como posso raciocinar? O homem é um animal racional, contudo como pode não raciocinar?
Sim, eles se comportam em muitas situações como verdadeiros irracionais. Eles são animais humanos e nós somos animais não-humanos.
Essa é a verdade. Não temos grandes diferenças em nossa formação biológica: temos cérebro – inteligência, coração, rins, sangue, tecidos, células. Sei correr quando tenho medo, mas eles também correm. Meu coração bate acelerado quando estou aflito, mas com os animais humanos a mesma coisa acontece.
Sentimos o mesmo frio, o mesmo calor, a mesma fome e a mesma vontade de dormir, descansar. Quando vejo o fogo, fujo com medo de me queimar, mas os animais racionais (homens e mulheres) também fazem a mesma coisa. Eles também têm medo do fogo que queima.
Quais as nossas fundamentais diferenças? Somos diferentes porque sou um rato? Mas conheço muitos homens-rato: eu os vi drogados, caídos nos mesmos esgotos sujos em que passeio todos as noites. Eu vejo esses homens-rato entrarem em Instituições Bancárias, em variadas empresas e em abastadas residências para roubar, causando assim enormes prejuízos financeiros e emocionais, principalmente quando ceifam a vida de outros seres humanos.
Eu sou um comedor de lixo? Mas vejo todos os dias, nos lixões das periferias das grandes e pequenas cidades, homens e mulheres a comer lixo do mesmo modo que eu. É assim que eles se julgam? Melhores do que um rato? Eles ainda não sabem que possuímos inteligência? Não tão superior, mas uma inteligência embrionária? Em evolução?".
E continuou com seu discurso noite adentro. Nenhum dos presentes perdia uma só palavra. Ali estava um sábio a lhes falar sobre assuntos tão palpitantes. Quem não queria ouvir?
Em meio a tantas importantes informações, que jamais algum rato ousara sequer sonhar, ouve-se um gemido terrível. Era o professor-cientista que havia caído da cadeira aonde dormia e agora se debatia no chão como um cão açoitado; tal qual um gato judiado.
Que acontecia? O fato é que ao se debruçar sobre a mesa para um rápido cochilo, o sábio cientista aspirara substâncias nocivas; altamente tóxicas e o veneno aspirado invadiu- lhe os pulmões indo parar em sua corrente sanguínea, sistema nervoso, coração.
E vejam só que ironia: ele agora tateava na escuridão. Ficara cego. Assim como os seus coelhos.
Então, sentindo a gravidade da situação, o jovem professor sentou-se no chão frio do seu centro de pesquisas e encolheu-se como um animal indefeso. Pensou sobre sua vida. Passou a limpo todos os seus procedimentos como animal racional que era e como homem de Ciências.
Lembrou-se dos debates acalorados com seus colegas, onde alguns, assim como ele, defendiam o uso de animais para pesquisas em laboratório e outros apresentavam soluções mais sensatas.
Lembrou-se de vários amigos biólogos, fisiologistas, os quais lhes falara sobre o uso de outros meios para se testar novas drogas em vez de usar animais como cobaias. 
Novas técnicas alternativas: testes in vitro (realizados em tecidos e células vivas), utilização de vegetais, estudos clínicos e não invasivos em pacientes humanos voluntários, estudos epidemiológicos, técnicas físico-químicas e estudos em cadáveres;
Disseram-lhe que é perfeitamente possível utilizar-se das novas e extraordinárias tecnologias para criar simulações em computador, softwares educacionais, filmes, modelos matemáticos, nanotecnologia e até manequins criados especialmente para os mais variados procedimentos nessas experiências científicas.
E diante de tais reminiscências; dessas lembranças dos queridos colegas mais adiantados na “Ciência das Emoções” e na “Ciência do Coração bom, justo e cheio de compaixão”, caiu em si, e mesmo sem enxergar a luz, ele viu mais claro. Porque antes ele olhava e não via, agora ele via mesmo sem olhar.
Pela primeira vez seus olhos estavam realmente abertos.
Levantou-se tateando pelas paredes, armários e mesas, abriu as malditas gaiolas em que aprisionava todos aqueles seres não-humanos que ali estavam no corredor da tortura e os libertou para sempre, em nome da compaixão e do respeito à vida animal.
Em seguida, ligou para alguns colegas mais próximos e lhes confessou em apenas meia dúzia de palavras: “Eu era cego, mas agora vejo”.
O professor-doutor, apendeu a ler em braile porque a partir daquele dia desejara entender a inteligência e as emoções dos animais.
E em seus momentos solitários de estudo e pesquisa, tinha consigo uma companhia alegre e irrequieta, que andava solto de um lado para outro, comendo pedacinhos de queijo e biscoitos de arroz: Doutor Ratinho: seu inteligente, querido e manhoso camundongo. 
Deus seja louvado!

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