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O QUE MUDOU?




Bom dia!
Quarta-feira, 27 de junho de 2012



A SECA E O BOI
Poema de Mariângela Freitas


O boi pasta na areia,
No quente que a terra tem.
Não come mato; só formiga
E briga com os insetos
Que picam sua pele ardida,
Infecta, sem carne. Amém

Ninguém o protege, coitado!
Se eu fosse boi por um dia,
Não faria o que o patrão pediria,
Eu passaria o dia deitado
E olha o que eu exigiria:
Exigiria todo o verde do mundo,
Todo o verde que a terra tem.
Não pastaria na areia crua,
Não daria minha força a ninguém.

O patrão poderia pedir,
O patrão poderia gritar.
Não teria medo de grito:
-Não pasto no pasto seco.
No seco do solo seco?
Eu, boi, nunca hei de pastar.


Poema de Mariângela Freitas, escrito em 27 de outubro de 1987, enquanto o carro no qual íamos para a faculdade, em Patu- RN,  atravessava a comunidade chamada Pico dos Carros, no município de Martins -RN

Era cinco e trinta de uma tarde quente e seca. Aquela mesma seca que hoje assola o semi-árido do Nordeste brasileiro.

Em vinte e cinco (25) anos, o que mudou?





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