14 de março de 2012
POEMA DE MARIÂNGELA FREITAS
- NA CADEIRA -
Numa certa cadeira,
Sentei certo dia,
E certa de tudo
Permanecia vazia.
E a cadeira vinha,
Mas quando voltava, eu ia.
Eu, a cadeira e as calçadas,
Três espécimes, todas caladas
E a rua vazia.
A rua se esticava,
O poste magro dormia,
A velha cadeira de tudo falava
Num lento falar, não mentia.
O poste, em pé, pensava,
A calçada deitada, ouvia
O que a cadeira dizia.
E eu, no balanço,
Já sabia de tudo
Contudo, nada fazia.
O vento passou, me beijou
E meu perfume levou.
A quem o entregaria?
Ao meu amor que dormia.
Uma folha veio rolando,
Fazendo festa na calçada
E no meu pé ficou dançando.
Tomei-a e meu colo foi sua morada.
Ninguém na rua, que rua vazia!
Somente eu na cadeira,
A cadeira na calçada,
O poste que se esticava,
A folha que em mim dormia,
O meu amor que me enganava,
E eu certa de que tudo sabia
Me balançava, permanecendo vazia.
Escrito e postado por Mariângela
Poema inserido em seu livo: "Um Beija-Flor no Jardim".
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