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QUE FAZEMOS DO NOSSO TEMPO?


O TEMPO 

Poema de
Laurindo Rabelo
  

 
Deus pede estrita conta de meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?


Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi tempo e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.


Oh! vós que tendes tempo sem ter conta
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.


Mas, oh! Se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.



Biografia:

Laurindo Rabelo (L. José da Silva R.), médico, professor e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 8 de julho de 1826, e faleceu na mesma cidade, em 28 de setembro de 1864. É o patrono da Cadeira n. 26, por escolha do fundador Guimarães Passos.

Era filho do oficial de milícias Ricardo José da Silva Rabelo e de Luísa Maria da Conceição, ambos mestiços e gente humilde do povo carioca. Cresceu nas maiores privações, das quais só veio a se libertar nos últimos anos de sua vida. Pretendendo seguir a carreira eclesiástica, cursou as aulas do Seminário São José e recebeu as ordens, mas abandonou o seminário por intrigas de colegas. Fez estudos na Escola Militar, outra vez tentando em vão fazer carreira. Ingressou no curso de Medicina no Rio, concluindo-o na Bahia, em 1856, vindo porém defender tese na cidade natal.

 Em 1857, ingressou como oficial-médico no Corpo de Saúde do Exército, servindo no Rio Grande do Sul, até 1863. Neste ano voltou ao Rio, como professor de história, geografia e português no curso preparatório à Escola Militar. Em 1860, casara-se com D. Adelaide Luiza Cordeiro, e só a partir de então pôde livrar-se da pobreza que lhe marcou a existência. Atacado por uma afecção cardíaca, faleceu, aos 38 anos de idade.

Caracterizou-o, desde os anos de estudante, a maneira espontânea e desengonçada de viver. Por sua compleição física bizarra, a imaginação popular deu-lhe o apelido de "o poeta lagartixa". Viveu na boêmia, e aquele ambiente o estimulava literariamente.

Como poeta satírico, era justamente temido e respeitado; teve amigos e, também, inimigos acérrimos, por causa dessa feição do seu talento, chegando a ser perseguido. Como repentista e improvisador, era popular e bem recebido em todos os salões. Fechavam os olhos à sua indumentária desleixada, só para ouvir o poeta e ver as cintilações daquele espírito. Em muitas das suas composições vibra também a nota de melancolia. Foi cognominado "o Bocage brasileiro". Pertencia ao período romântico.

Postado por Mariângela Freitas, em 26.01.2012




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3 comentários:

Adauto Carlos disse...

Parabéns Mariângela, pelo belíssimo blog.
Sou leitor assíduo deste veículo de comunicação e informação.
Parabéns .

Mariângela Freitas disse...

Querido professor Adauto Carlos, muito obrigada pela visita. Minha intenção é postar todos os dias, porém estive viajando e não me foi possível escrever. Volte sempre aqui, teremos muito o que conversar. TODOS OS DIAS.
Um grande abraço,
Mariângela

Adauto Carlos disse...

Ok...voltarei sempre.
Parabéns.

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